Murça está situado na transição entre duas feições, a duriense e a transmontana. É limitado a norte pelos concelhos de Vila Pouca de Aguiar e Valpaços, estendendo-se para Sul até ao limite do concelho de Carrazeda de Ansiães, e confina a oeste respectivamente, com os concelhos de Alijó e Mirandela.
O concelho abrange uma área de 189,5 Km2, é composto por 9 freguesias e 6.757 habitantes. Tem uma densidade populacional de 36 habitantes por Km2.
As principais produções agrícolas são o azeite e o vinho, produz em grandes quantidades vinhos de mesa e vinhos finos, que têm obtido repetidamente distinções em concursos, nacionais e internacionais. A gastronomia local também é uma referência, destacando-se o cozido à portuguesa e o famoso toucinho do céu.
São múltiplas as potencialidades turísticas deste concelho, quer contemplando “a Beleza Natural” da Serra da Garraia, da Padrela e de S. Domingos donde se desfrutam panoramas maravilhosos, quer visitando os recantos dos rios Tinhela e Tua, onde é possível a pesca desportiva, como também admirando os Castros de S. Bartolomeu (Palheiros), o do Cadaval, o do Castelo (Jou) e ainda os relógios de Sol em Vilares. Existe também uma Praia Fluvial, lugar aprazível para desfrutar de umas tardes de descanso e lazer.
Consultar site
http://www.cm-murca.pt
A freguesia de Candedo encontra-se na parte sul do concelho de Murça, muito perto do vizinho concelho de Alijó. O remoto povoamento da área em que actualmente se situa a freguesia pode ser comprovado através de uma série de vestígios arqueológicos. Castelo de Porrais, conhecido também, localmente, como Alto da Torre ou Alto do Castelo, foi um povoado fortificado da Idade do Ferro. A sua utilização como reduto defensivo prolongou-se pelo tempo e chegou mesmo à Idade Média. Erguido sobre um esporão com excelentes condições estratégicas e ampla visibilidade sobre o vale do Rio Tinhela, era defendido por uma muralha em “pedra seca” de xisto e granito. Uma segunda linha de muralha encontrava-se a uma cota inferior. Não foram muitos os fragmentos cerâmicos encontrados, sendo que os que o foram são de fabrico manual, micáceos e porosos. A Mamoa da Senhora dos Montes, em Lombo das Colmeias, data do período Neolítico e terá sido utilizada entre quatro mil e dois mil a. C.. O seu diâmetro máximo tem cerca de dezoito metros e a sua altura máxima ronda um metro e vinte. Nota-se uma grande cratera de violação na zona central e muita pedra miúda à volta devido à destruição da couraça pétrea. Servia, como é óbvio, para o enterramento dos mortos. Da época romana são alguns achados isolados em Caldas de Carlão, na margem esquerda do Rio Tinhela, perto da sua confluência com o Rio Tua. Aqui apareceram, em finais do século XIX, diversos vestígios romanos, como moedas, cerâmicas, uma ânfora e mosaicos. A nascente, que ainda existe e que é conhecida como Fonte Santa, fazem crer que aqui pode ter existido um edifício termal do período imperial. Articulada com estas termas e, obviamente, com uma estrada a passar no local, era a Ponte de Caldas de Carlão. É uma ponte sobre o rio Tinhela, de um arco de volta perfeita, em granito, com pedra granítica aparelhada. O actual tabuleiro da estrutura, em betão, é de construção posterior. A Necrópole de Campas do Ladrilho / Serra do Alva data da Idade Média. Foram encontradas no local algumas campas, denominadas localmente como as campas dos mouros, embora sejam de época bem posterior. É uma freguesia com uma história importante, pois já é referida nas Inquirições de 1220, ordenadas por D. Afonso II. A área em que actualmente se encontra foi abrangido pelo foral concedido a Abreiro em 1225. Em termos de património edificado, uma palavra para a Capela de Nossa Senhora do Carmo, com os seus três retábulos em talha dourada no interior. Terá sido construída no século XVIII e remodelada em meados do século XX. Não poderiam deixar de ser referidas, como é óbvio, as Caldas de Carlão, ou de Santa Maria Madalena. As suas águas têm excelentes propriedades terapêuticas a nível das doenças da pele, doenças reumáticas e músculo-esqueléticas, vias respiratórias e doenças do aparelho digestivo. (Fonte: www.retratoserecantos.pt)
Fiolhoso é uma das mais importantes freguesias do concelho do ponto de vista arqueológico. Situa-se a sete quilómetros de Murça, perto da margem direita do rio Tinhela e no limite com o vizinho município de Alijó. A Mamoa de Alto das Madorras é do período Neolítico e terá entre quatro a cinco mil anos. É um monumento inserido numa área de pinhal e cujo tumulus apresenta um aspecto muito bizarro devido a obras que se fizeram posteriormente. Oss cinco esteios, no entanto, ainda são visíveis. Uma outra mamoa, do mesmo período, é visível no mesmo local. É um monumento de planta subcircular, com catorze metros de diâmetro, levemente soerguido no terreno, mas aplanado. O Castro de Castelo dos Mouros, da Idade do Ferro, está classificado como Imóvel de Interesse Público. Nalguns troços, as muralhas ainda estão bem conservadas. O interior é de grandes dimensões e muito bem defendido do ponto de vista natural. Foi posteriormente ocupado pelos romanos e pelos povos medievais. A Necrópole de Fiolhoso data do período romano, e um facto demonstrativo da sua importância está relacionado com a durabilidade da permanência de vida humana no local pelo menos até ao século XIII. Este sítio arqueológico é composto por duas sepulturas cavadas no afloramento granítico, colocadas lado a lado, com pouco mais de um metro de diferença, e orientadas no sentido noroeste sudeste. Em termos de espólio, apareceu num terreno perto cerâmica e telha de aspecto romano/medieval, percutores e pedaços de pedra aparelhada. As lagaretas de Castelo dos Mouros, em número de três, datam do período romano (século II a. C.). Estão cavadas em três penedo granítico alongados e não são contíguas entre si. No Alto das Madorras, apareceram alguns vestígios de datação indeterminada, como duas peças líticas de quartzo talhadas, um pequeno fragmento de cerâmica lisa de fabrico manual e dois alisadores sobre seixo com vestígios de terem sido usados. Estes objectos estariam relacionados com a construção e utilização de um dólmen, pelo que poderão ser dessa altura. O Tesouro de Curvas de Murça, também de datação indeterminada, Trata-se de um tesouro monetário composto por um grande número de moedas. Nas Inquirições de 1220, Fiolhoso já aparece integrada no julgado de Murça. Paio Soares, um nobre de Paredes, era então a figura mais importante da povoação. A Igreja e Capela de Santa Bárbara, a Capela de Nossa Senhora de Lurdes e três fontes de mergulho são os monumentos mais importantes de Fiolhoso. A ordenação heráldica da freguesia, publicada a 24 de Outubro de 2003, é a seguinte: Armas – Escudo de ouro, um ramo de funcho de verde entre dois gládios de vermelho, postos em pala. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: FIOLHOSO. (Fonte: www.retratoserecantos.pt)
Jou, freguesia com um nome invulgar, é a povoação mais a norte do concelho de Murça, encontrando-se já no limite com o vizinho concelho de Valpaços. É constituída pelos lugares de Aboleira, Banho, Castelo, Cimo de Vila, Freiria, Granja, Novainho, Rio, Mascanho, Penabeice, Toubres e Vale de Égua. A nível arqueológico, são abundantes os vestígios pré-históricos que comprovam o precoce povoamento da freguesia. É o caso da Mamoa dos Borralheiros, data de há quatro mil anos a. C. período Neolítico. Trata-se de um monumento com cerca de sessenta metros de altura e um diâmetro de vinte e um centímetros. Do mesmo período é a Mamoa de Alagoas. Consiste numa protuberância sub-circular com cerca de vinte e cinco metros de diâmetro. Por toda a superfície, aflora a carapaça pétrea em seixos de quartzo. Micrílitos geométricos, lâminas, enxós, machados e contas de colar de xisto encontram-se entre o espólio recolhido. A Mamoa do Castelo, por seu lado, foi utilizada no Neolítico. Encontra-se no lugar do Castelo. Trata-se de um monumento de forma subcircular, construída em dois momentos sucessivos. Em termos de espólio, destaque para cerca de vinte seixos rolados, alguns fragmentos cerâmicos decorados com puncionamentos, pertencentes todos a um só recipiente e recolhidos na mais antiga violação da câmara. Uma pedra de arte rupestre Neo-Calcolítica, descoberta na zona de Cortinhas, é conhecida como a Pedra do senhor João-Baptista Castelo. O sítio arqueológico de Fragas Amarelas é constituído por um abrigo proto-histórico na zona de Fragas Amarelas. Trata-se de um grande afloramento de xisto quartzítico, alongado no sentido sul-norte. Tem muitos sedimentos, numa área de cerca de três metros por três metros e meio. É provável, mas não definitivo, que tenha sido ocupado. A Necrópole de Modorras, localizada em Santo André, é de datação indeterminada. É constituída por duas sepulturas, situadas no alto de uma pequena colina, cobertas por uma grande quantidade de terra. A freguesia de Jou pertenceu ao concelho de Carrazeda de Montenegro até à sua extinção, em 31 de Dezembro de 1853, transitando então para o de Valpaços e só em 1895 para o de Murça. Em termos de património edificado, uma primeira palavra para a Igreja Paroquial, consagrada a Santo André. É um templo seiscentista, maneirista, tardo-barroco e neoclássico devido às alterações que foi sofrendo ao longo dos anos. De planta longitudinal, com nave única e capela-mor, tem fachada principal a terminar em empena. No interior, destacam-se os retábulos laterais neoclássicos e o retábulo-mor tardo-barroco. A Fonte de Mergulho de Freiria foi construída no século XIX, como muitas outras deste concelho. É uma fonte de mergulho com caixa de água de planta rectangular, de cobertura plana em lajes de cantaria. (Fonte: www.retratoserecantos.pt)
Esta é a freguesia-sede do concelho. Fica sensivelmente na sua parte central, um pouco para sul, de onde comanda os destinos de uma vasta população. A Porca de Murça é o seu «ex-libris» e um dos testemunhos da antiguidade do seu povoamento. Trata-se de uma estátua zoomorfica em granito, com a forma de uma porca. Estas peças são também conhecidas como berrões. Data da Idade do Ferro. Os Lagares dos Mouros são uma série de lagares de diferentes períodos históricos. O número um é da época medieval e os números dois a quatro são do período romano. Todas estas estruturas acabaram por ser utilizadas ao longo dos séculos, muito para além do período original. Lagares dos Mouros 2 é um antigo povoado da época romana. Foi encontrada uma mancha de materiais arqueológicos romanos numa área de cem metros quadrados, junto a um afluente do ribeiro da Grila. Tegulae, um fragmento de mó e um fragmento de eventual pia, ambos em granito, foram os principais elementos arqueológicos encontrados. Sobre o rio Tinhela, encontra-se uma ponte romana, classificada como Imóvel de Interesse Público. É uma estrutura em arco de perfil horizontal, com um único arco de volta redonda. Já sofreu profundos restauros e reconstruções desde a época de origem. Conserva, ainda assim, um extenso troço de calçada com lajes de granito nos acessos que descem a encosta a partir do Alto do Pópulo. Em 8 de Maio de 1224, o rei D. Sancho II decidiu povoar esta região, dando-lhe carta de foral. O foral de D. Afonso III, de 1268, veio confirmar o anterior. Recebeu ainda foral de D. Dinis, em 18 de Abril de 1304, e foral de D. Manuel I em 4 de Maio de 1512. Este conjunto de forais demonstra à saciedade a importância que Murça sempre teve para os monarcas portugueses. A edificação do Pelourinho data exactamente deste último foral. No século XVIII, o concelho de Murça de Panóias pertencia à província de Trás-os-Montes e fazia parte do senhorio dos Guedes de Miranda e Lima, onde estava também incluído os municípios de Água Revés e de Torre de Dona Chama. Os habitantes da povoação pagavam aos seus donatários, de foro, dois alqueires e meio de centeio, meio alqueire de trigo, um almude de vinho, três arráteis de cera e cinquenta réis em dinheiro, isto em cada fogo. Em termos de administração municipal, era feita por dois juízes ordinários e três vereadores, todos eleitos pelos munícipes. A Câmara era servida por um escrivão e tinha três tabeliães. A 7 de Janeiro de 1792, a rainha D. Maria transferiu o concelho de Murça para a comarca de Vila Real. Aliás, já pertencia a essa vigararia para efeitos eclesiásticos. Em 1796, o juiz Columbano Pinto Ribeiro de Castro propôs a extinção do concelho de Alfarela de Jales e a sua integração no concelho de Murça. No «Guia de Portugal», nos anos 60, SantAnna Dionísio fazia a seguinte descrição da freguesia: «Muçra, vila vetusta e alongada, de 1501 habitantes, em cuja praça se conserva uma típica escultura zoomórfica, certamente relacionada com o remoto cujo totémico o culto dos berrões que entre os primitivos povos destas alturas ibéricas parece ter sido arreigado. Além desse estranho monumento, vulgarmente conhecido pela designação de «porca de Murça» (parecendo ser, não uma porca, mas um porco-varão), na velha povoação há ainda o pelourinho (Monumento Nacional), recentemente reconstituído e implantado defronte do edifício da cadeia, É um exemplar relativamente esbelto, com um capitel decorativo, brasonado, assente num colunelo torcido, de granito. A vila reduz-se, pode dizer-se, a uma rua, relativamente exígua. Dada a dificuldade de se conseguir uma passagem exterior, de nível superior ou inferior ao da povoação, é essa rua bastante longa e sinuosa que recebe o trânsito da estrada.» A ordenação heráldica da freguesia, publicada a 4 de Junho de 2001, é a seguinte: «Armas – Escudo de ouro, ponte de um arco de negro, lavrada de prata, firmada nos flancos e movente de um pé ondado de cinco tiras de azul e prata; em chefe, vulto do monumento denominado “Porca de Murça”, de vermelho. Coroa mural de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: “FREGUESIA DE MURÇA”.» Em termos de património edificado, a primeira palavra vai para o Pelourinho, classificado como Monumento Nacional desde 23 de Junho de 1910. Representa a independência municipal de Murça. Localiza-se no centro de uma das principais praças da vila, a praça 5 de Outubro. Trata-se de um pelourinho manuelino, quinhentista, com soco de vários degraus quadrangulares, base quadrilobada e coluna torsa, com o capitel sobreposto por escudos em cada uma das faces. O capitel tem as armas dos Guedes e as de D. Manuel I. A Capela da Misericórdia de Murça está classificada como Imóvel de Interesse Público. A sua construção data de 1692, conforme inscrição na frontaria. É um templo barroco, de planta longitudinal, com nave única e sala em eixo de dois pisos. A fachada principal termina em frontão recortado e decorado com elementos vegetalistas. No interior, destacam-se os retábulos laterais em talha barroca e o retábulo-mor que, originalmente, devia apresentar uma dupla face. O altar-mor é rococó. O tecto da nave apresenta pinturas murais de finais do século XVII, em estilo maneirista, formando padrão fitomórfico. Os cadeirais de uma fila com espaldar em talha dourada barroca e painel pintado sobre cada assento deverão ter vindo de um mosteiro. A Igreja Paroquial, consagrada a Santa Maria, situa-se a meia encosta, a quinhentos metros de altitude. É uma igreja barroca, de planta longitudinal, composta por nave e capela-mor. A fachada principal termina em frontão triangular com nicho no tímpano. No interior, cobertura em falsa abóbada de berço, em estuque, coro-alto, púlpitos e retábulos maneiristas em talha dourada e policromada. (Fonte: www.retratoserecantos.pt)
A freguesia de Carva fica situada no extremo ocidental do concelho de Murça, no limite com os vizinhos municípios de Vila Pouca de Aguiar e de Alijó. Insere-se na chamada Terra Fria, entre as serras de Escarão e da Barrela. Estamos em presença de um território que teve nítida ocupação pré-histórica. O povoado fortificado de Souto de Escarão, de datação indeterminada, erguia-se no topo de um proeminente maciço granítico, a mais de mil metros de altura. O recinto, de pequenas dimensões, era defendido por uma muralha de configuração sub-circular. À superfície do solo, detectaram-se alguns fragmentos de cerâmica manual lisa, percutores e moinhos. Do local, era visível uma parte do vale do rio Pinhão e da região envolvente. Os pergaminhos históricos de Carva são relevantes. Recebeu foral de D. Sancho II em 1224, embora tenha sido autenticada apenas no reinado seguinte (D. Afonso III, 1268). Já então existia aqui uma municipalização rudimentar, isto se o objectivo não era desenvolver uma terra então muito despovoada. Tiveram papel importante na atribuição do foral os Sousãos. Foi Vasco Mendes, o governador da terra de Jales, o primeiro confirmante do documento. Em 31 de Dezembro de 1853, S. Sebastião de Carva saiu do concelho de Alfarela de Jales, por extinção do mesmo, e transitou para o de Murça. Segundo as Memórias Paroquiais de 1758, Carva estava integrada no termo da vila de Alfarela de Jales. Em termos de património edificado, uma primeira palavra para a Igreja Paroquial de Carva, ou Igreja de Santa Bárbara e S. Sebastião. É um modesto templo em pedra, de fachada em empena, coroada por uma cruz e dois pináculos. A torre sineira está do lado direito da fachada, mas a alguns metros de distância. Segundo as Memórias Paroquiais de 1758, «a igreja tinha orado de São Sebastião e três altares, o de São Sebastião, o de Nossa Senhora da Anunciação e outro do Senhor Jesus.» A Capela de Santa Bárbara, a Capela de Nossa Senhora das Dores, a Capela de Nossa Senhora da Guia, a Capela de S. Bento e a Capela de Santo António são outros dois templos da freguesia com algum interesse histórico e arquitectónico. Relevante é também a Fonte de Mergulho da Poça. Adossada a um muro de alvenaria de xisto, é uma fonte constituída por caixa de água de planta rectangular. A fachada principal é em alvenaria de xisto, sendo rasgada por vão em arco de volta perfeita. Um tanque rectangular ocupa todo o interior. Terá sido construída no século XIX. No âmbito da conservação e restauro das fontes de mergulho do concelho, foi restaurada no último ano do século passado. É um testemunho importante da forma como este tipo de estruturas estava presente no dia-a-dia das populações rurais, não só nesta como nas outras freguesias da região. A chamada Fonte Velha tem a mesma função. É uma fonte de mergulho, com caixa de água de planta rectangular, com face frontal terminada em empena recta e rasgada por arco de volta perfeita. Data também do século XIX. A freguesia de Vilares, a última do concelho em termos alfabéticos, situa-se na parte ocidental do município, muito perto do vizinho concelho de Vila Pouca de Aguiar, na margem direita do rio Tinhela. É constituída pelos lugares de Asnela, Fonte Fria e Vilares. Toda esta região está profusamente documentada a nível arqueológico. A simples proximidade da freguesia de Tresminas, do vizinho concelho de Vila Pouca de Aguiar, seria suficiente para ter a certeza de que existiu vida humana pré-histórica no lugar onde é hoje a freguesia de Vilares. O nome da freguesia é relativamente comum no norte de Portugal, seja no singular ou no plural. Está relacionado com o povoamento do território nos tempos que se seguiram à fundação da Nacionalidade. «Investigadores de toponímia portuguesa consideram que o nome dado à povoação de Vilares poderá estar ligado ao sistema de repovoamento pré-nacional, pelo facto de existirem nesses tempos os Vilares, constituídos por famílias, podendo os mesmos corresponder a lugares da actual freguesia. No entanto, crê-se também que o topónimo Vilares, que actualmente indica o nome desta povoação, terá a sua origem numa ermida desses vilares, facto que terá contribuído para que fosse dado esse nome à freguesia, que poderia ainda corresponder à reunião desses vilares». (João Luís Teixeira Fernandes) As Inquirições régias de 1220, ordenadas por D. Afonso II, referem a localidade de Vilares como uma das «villas» daquela paróquia e deixam entrever em Vilares a existência de um rudimento de municipalização. Vários autores referem a atribuição de uma carta de foral a Vilares, por D. Afonso III, em 10 de Fevereiro de 1267, mas não parece crível que tal tenha acontecido. Poderá ter sido, sim, uma carta de foro como muitas que o Rei Bolonhês atribuiu com o objectivo de promover o desenvolvimento do território. Em termos de património edificado, a primeira palavra vai para a Capela de Nossa Senhora da Piedade, situada numa zona planáltica sobranceira ao rio Tinhela. Templo setecentista, de características barrocas, apresenta planta longitudinal simples, com um amplo vão de volta perfeita na fachada e remate em empena de cornija. No interior, salienta-se o retábulo-mor vernacular. A Igreja Paroquial da Senhora das Neves, que se encontra na periferia da povoação, foi construída, provavelmente, no século XVI e ampliada no século XVIII. É uma igreja de planta longitudinal, com sineira adossada lateralmente e fachada principal em empena moldurada. No interior, retábulos de talha pintada e dourada. A ordenação heráldica da freguesia, publicada em 12 de Junho de 2003, é a seguinte: Armas – Escudo de ouro, relógio de sol de vermelho, realçado de negro, entre duas fontes heráldicas de azul e prata, nos cantões do chefe e uma mó de moinho de verde, aberta do campo, em campanha. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: VILARES – MURÇA . (Fonte: www.retratoserecantos.pt)
A freguesia de Noura situa-se no extremo ocidental do concelho de Murça, no limite com o vizinho município de Vila Pouca de Aguiar. Encontra-se numa encosta, dentro da chamada Terra Quente. A ocupação humana da freguesia remonta ao período pré-histórico. O povoado de Estirada data do período Calcolítico e situa-se no lugar de Sobreira. Trata-se de um pequeno monte, bem destacado do relevo circundante, acantonado na confluência da Ribeira de Noura com o Rio Tinhela. Era um povoado em barrocal granítico, cujas estruturas habitacionais utilizariam os penedos. O povoado fortificado do Salto foi habitado em diferentes períodos da pré-história, provavelmente de forma contínua: Neolítico, Calcolítico, Idade do Bronze. Localiza-se sobre um esporão situado junto à confluência entre o Rio Tinhela e a Ribeira de Noura, local valioso do ponto de vista geo-estratégico. O seu sistema defensivo constitui-se por um torreão situado a norte. Foram recolhidos vários fragmentos de cerâmica pré e proto-históricos. Sensivelmente no mesmo local, encontram-se vestígios de um lagar utilizado na Idade Contemporânea. É o Lagar 1 do Salto, situado na encosta leste de uma colina virada ao ribeiro de Noura. Na parede norte do Calcatorium, é visível a existência de um entalhe escavado de forma a abranger toda a sua largura. Um outro lagar, mas este de época indeterminada, foi encontrado no mesmo local. No sítio arqueológico de Sobredo, foram recolhidos alguns vestígios dispersos, de datação indeterminada mas certamente pré-histórica. O nome da freguesia, assaz invulgar, tem origem na evolução da palavra Naùra, que quer dizer nora engenho árabe utilizado na rega dos terrenos agrícolas. Em termos administrativos, aparece integrada no termo de Murça aquando da concessão do foral dado a esta vila por D.Sancho II em 8 de Maio de 1224. No que diz respeito ao património edificado, a primeira palavra vai para a Capela de S. Gonçalo. É um templo de planta longitudinal, cuja fachada principal termina em empena truncada por sineira e rasgada por portal de verga recta. Interiormente, o tecto é em madeira curvo. Destaque para um retábulo de talha policroma e dourada e para o tecto com pintura figurativa policroma. Data do século XVI ou XVII. A Igreja Matriz, por seu lado, é consagrada a Nossa Senhora da Anunciação. É um templo tardo-barroco e revivalista. De planta longitudinal, composto por nave única e capela-mor. Destacam-se, no interior, dois retábulos colaterais e retábulo-mor revivalistas neobarrocos, em talha policroma e dourada. A ordenação heráldica da freguesia, publicada em 10 de Maio de 2002, é a seguinte: «Armas – Escudo de ouro, ponte de um arco de negro, lavrada de prata, firmada nos flancos e movente de um pé ondado de azul e prata de três tiras; em chefe, prensa de lagar de púrpura, realçada de prata. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: NOURA – MURÇA» A freguesia de Palheiros situa-se a cerca de sete quilómetros da sede do concelho de Murça. O seu orago é S. Paulo, embora na freguesia se celebrem outras romarias, como é o caso de Santo Cristo e de S. Pedro, ambos em Junho, de Santa Bárbara, em Julho, e de S. Bartolomeu, em Agosto. O topónimo Palheiros parece advir do nome comum «palha», sendo possivelmente uma referência às medas de palha, ou aos lugares onde se arrecada o colmo, habituais em freguesias rurais, como é o caso. A freguesia de Palheiros situa-se na Serra da Garraia, cujo pico de maior altitude ronda os oitocentos e noventa metros. A composição geológica dos seus solos é bastante variada, dominando os quartzitos e as rochas do período Ordovícico (505 a 438 mihões de anos) e Silúrico (438 a 408 milhões de anos). Varges, uma das aldeias da freguesia, parece ter sido povoada na época castreja. No entanto, na aldeia sede da freguesia, esta mesma situação é confirmada pelos vestígios do castro de Palheiros, um povoado do terceiro milénio a. C. e que foi habitado durante a Idade do Ferro e durante o Calcolítico. Nas primeiras buscas arqueológicas deste povoado do Calcolítico, em 1995, foram descobertos inúmeros instrumentos líticos polidos e talhados, desde artefactos cerâmicos, objectos utilitários e objectos de adorno; através do estudo destes achados se depreende que este castro poderá ter tido grande importância política nas povoações periféricas. O povoado apresentava duas linhas de imponentes muralhas em pedra solta e taludes, e estaria na época de maior apogeu totalmente coberto por couraça pétrea, excepto nas áreas ocupadas por penedos. Uma primeira plataforma que contorna todo o monte não ocupado pela falésia, é delimitada pela muralha externa do povoado, e rodeada exteriormente por penedos. A segunda plataforma é rodeada igualmente por uma cintura de muralha (muralha interna). Palheiros foi um curato da apresentação do priorado e da colegiada de Guimarães, passando mais tarde a vigararia. Do património cultural e edificado da freguesia, destacam-se a Igreja Paroquial, a antiga Ermida de S. Bartolomeu, a de Santa Bárbara, a de Santo Cristo e a de S. Pedro, e o já mencionado Castro de Palheiros. Estando Palheiros situada nas encostas da Serra da Garraia, usufrui da beleza da sua importante reserva natural; para além da reserva natural, a população de Palheiros orgulha-se também do seu imponente eucalipto de diemnsões agigantadas. Ainda de realçar no património natural os amendoais dispersos pela aldeia de Varges, onde é também farta a caça. Sendo esta área abundante em xisto, a população obtém desta rocha alguns rendimentos; no entanto, são as actividades rurais aquelas que mais mão-de-obra ocupam. A população cria gado ovino, bovino e caprino, e produz centeio e outros produtos agrícolas. Na zona da freguesia situada abaixo dos quatrocentos metros de altitude, denominada «Terra Quente» e enquadrada nas Região Demarcada do Douro, é produzido o vinho de benefício, de excelente qualidade. (Fonte: www.retratoserecantos.pt)
Valongo de Milhais fica sensivelmente na parte central do concelho, um pouco deslocado para norte. O povoamento inicial está presente através do sítio arqueológico de Agudinhas. Aí apareceram vestígios diversos do período Neo-Calcolítico, como um fragmento de cerâmica de fabrico manual (pré-histórica) e uma peça em quartzo com alguns retoques. Valongo de Milhais consta pela primeira vez no foral de 1224, aquando do repovoamento de Murça. Desconhece-se a data exacta da sua fundação. O culto a S. Gonçalo leva alguns investigadores a pensar que já existiria nos primórdios da Monarquia, altura em que a Colegiada de Guimarães aí teria levantado a Ermida de S. Gonçalo, ainda existente. S. Gonçalo de Valongo, curato da apresentação do prior da Colegiada de Guimarães, passou depois a reitoria. Em 1530, a freguesia contava onze fogos. Em 1706, registava já vinte e cinco, um aumento de duzentos por cento. Nos finais do século XIX, contava com cerca de quinhentos habitantes (484), e no Censos de 2001 com 442. À semelhança de outras freguesias do concelho, também aqui se assiste a um progressivo despovoamento e envelhecimento da população, fruto de um surto migratório das populações que buscam, noutras partes, melhores condições de vida. Freguesia situada a uns oito quilómetros da sede do concelho, Valongo de Milhais apresenta características naturais e culturais muito próprias. Integra a zona de montanha ou Terra Fria e é composta por mais três aldeias: Serapicos, Ribeirinha e Carvas. Esta última sobranceira à margem esquerda do rio Tinhela, a norte da sede do concelho. O topónimo Valongo de Milhais deve-se ao facto de aí ter nascido o famoso «Herói Milhais», Aníbal Augusto Milhais, herói da I Guerra Mundial, onde se notabilizou na Batalha de La Lys, ao dizimar milhares de soldados inimigos, pondo a salvo os seus companheiros de armas. A ele se atribuiu o feito de sozinho, numa trincheira, com uma metralhadora Lotz, desbaratar uma coluna de alemães que se deslocava de mota, e outras forças de forma a retardar o seu avanço e permitir o estabelecimento das linhas aliadas a trinta quilómetros. A façanha mereceu-lhe o louvor do seu Comandante, Ferreira do Amaral, que o abraçou e disse: «Teu nome é Milhais, mas vales Milhões». Este apelido passou então a ser conhecido nas redondezas e até no país inteiro. Foi ainda homenageado pelo Governo português a 5 de Julho de 1924, com a Torre Espada, como consta no registo número 1618. O brasão da freguesia assenta em três símbolos heráldicos representativos de Valongo de Milhais: duas espigas de cereal (trigo e centeio), básicas na economia da terra e fonte de rendimento dos seus habitantes; o campanário da Igreja Matriz, de certo interesse arquitectónico, escultural e histórico, símbolo da religiosidade das suas gentes; e as armas, alusivas ao Herói Milhais. (Fonte: www.retratoserecantos.pt)